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Instituto Cultural Barong oferece oficina profissionalizante de teatro

Com profissionais das áreas da cultura e da saúde, serão oferecidas 210 horas-aula de dramaturgia, voz, dança, canto, figurino, maquiagem, entre outros temas.

Projeto Somos Todes Itinerantes | Imagem: Divulgação Barong
Projeto Somos Todes Itinerantes | Imagem: Divulgação Barong

Agência Aids
11/05/2023

Projeto: Somos Todes Itinerantes

Quando: de 3 de junho a 18 de novembro

Dias e horários: quartas-feiras, das 19:00 às 22:30

Local: a ser informado posteriormente

Inscrições: até 14 de maio

Formulário de inscrição: bit.ly/oficinasartisticas

Entrevistas: de 22 a 27 de maio

Divulgação da seleção: 29 de maio

Realização: Instituto Cultural Barong

Financiamento: Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo

Somos Todes Itinerantes

O Instituto Cultural Barong uniu arte, cultura, e educação em saúde, e irá promover curso profissionalizante em teatro para pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+, pessoas vivendo com HIV/aids, e profissionais do sexo.

O curso com carga horária de 240 horas, será distribuído entre aulas de dramaturgia, voz, dança, canto, figurino, iluminação, maquiagem, direitos humanos, educação em saúde sexual e reprodutiva, entre outros temas.

As oficinas estão programadas para acontecer sempre às quartas-feiras, das 19h às 22h30, tendo início no dia 3 de junho e término em 18 de novembro, no centro de São Paulo, em local a ser informado posteriormente. Todos os selecionados receberão ajuda de custo para transporte e alimentação.

Os participantes com 80% de frequência, serão certificados, ao final do curso. Serão selecionadas ainda 25 pessoas para compor o elenco e/ou da equipe técnica do espetáculo “Os Saltimbancos”, de Chico Buarque, em uma remontagem LGBT.

Aprovado em edital público, atualmente em execução, o Projeto Somos Todes Itinerantes, tem financiamento da Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo.

Marta Mc Britton, ativista e presidente do Instituto Cultural Barong, explica como surgiu a ideia de unir arte e educação em saúde sexual: “Anteriormente fizemos uma oficina de comunicação interpessoal, voltada para as meninas trans, sobre como desfilar, como colocar o corpo em cena… daí percebemos que muitas meninas tinham grande potencial, mas erravam, por exemplo, no posicionamento da mão na passarela. Elas desfilavam com muita elegância, mas colocavam a mão no lado errado e isso acabava escondendo o vestido que elas levavam semanas para costurar e customizar”, contou.

“Porque quando se entra em cena, se você está do lado direito e o palco ao seu lado esquerdo, determinados movimentos da mão podem cobrir o seu corpo, seu figurino. Mas se elas não sabem, é porque ninguém contou, isso é manha de quem já faz teatro, determinadas técnicas só quem é da área sabe”.

Percebendo essa necessidade, a ativista entendeu que era válido passar os conhecimentos para frente. “Tivemos a ideia de oferecer esse curso para ensinar essas técnicas e para além disso, falar de questões ligadas ao corpo, a saúde física… Unimos então as questões ligadas ao bastidor, como interpretação teatral de texto, às questões de saúde sexual e reprodutiva”, compartilhou.

Prevenção

Perguntada sobre como, ao longo deste processo, as estratégias de saúde serão abordadas nas oficinas, especialmente no que se refere à prevenção das ISTs/aids, Marta diz que a comunicação será feita de forma subjetiva, porém contínua.

“Quando eu falo de prevenção, posso falar que o uso excessivo de álcool ou tabaco pode prejudicar as cordas vocais, e se eu pretendo ser uma cantora, ou um artista que de de alguma forma trabalhar com a voz, eu preciso preservar minhas cordas vocais, o cuidado deve haver, porque é o meu instrumento de trabalho”, exemplificou.

“E em relação ao HIV/aids e demais ISTs, vamos falar disso o tempo todo de forma subliminar nas oficinas de saúde sexual e reprodutiva. Nas aulas que têm exercícios de corpo com dinâmicas de toque, podemos, por exemplo, falar que o HIV não se transmite pelo toque. Gancho temos o tempo todo!”, afirmou.

Empoderamento

Marta Mc Britton, acredita que a arte é uma forma de catalisar bem-estar, promover qualidade de vida, e empoderar quem já vive com HIV.

Além disso, compreende que esta é uma boa maneira de comunicar, de forma correta, assuntos considerados ainda hoje por muitos, densos, como é o caso do HIV/aids.

Oportunidade

“Pensamos em grupos identitários porque queremos trabalhar com as vulnerabilidades cruzadas, e a ideia é dar oportunidade para as pessoas ingressarem no mercado, por isso vamos capacitar as pessoas com foco no bastidor, no teatro, isso é o que mais emprega atualmente. Essa área emprega e emprega muito, e também é um ambiente que não tem tanto preconceito, é um meio que tende a ser mais acolhedor”.

Construção do pensamento crítico

Marta afirma que o teatro é libertador, e se através dele trabalhar a pauta dos direitos humanos, se torna ainda mais. “Tudo depende daquilo que você escolhe como exercício teatral. Eu posso interpretar uma simples música, ou então apresentar um repertório musical que foi censurado na época da ditadura. Um repertório que traga uma crítica social eu acho que torna tudo muito mais interessante. Por isso, pensamos no espetáculo Os Saltimbancos, de Chico Buarque, e em uma versão LGBTQIA+. A partir de uma seleção, algumas pessoas vão compor o espetáculo, que é a fase 2 do projeto”, comentou.

As aulas acontecerão integralmente de forma presencial, e os interessados devem se inscrever até domingo (14), através do link: bit.ly/oficinasartisticas. O resultado será divulgado dia 29 de maio.

O espetáculo

A obra “Os Saltimbancos”, de Chico Buarque, com envolvimentos de outros grandes nomes da MPB (Múscia Popular Brasileira), como Nara Leão, Vinicius de Moraes e Miúcha, é uma peça de teatro musical infantil, inspirada no conto “Os Músicos de Bremen”, dos irmãos Grimm.

A história traz para as crianças crenças e valores sociais importantes, como questões de união, solidariedade, justiça social e diversidade.

 

Texto: Kéren Morais - Agência de Notícias da Aids