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Médicos e funcionários abraçam Emílio Ribas e pedem esclarecimentos sobre o futuro do Hospital

Médicos, funcionários e residentes do Emílio Ribas se reuniram na sede do próprio Instituto, para debater a proposta de um novo modelo de gestão para o Hospital.

Médicos funcionários e sociedade civil abraçam Emílio Ribas e pedem esclarecimentos sobre o futuro do Hospital. | Foto: Agência de Notícias da Aids
Médicos funcionários e sociedade civil abraçam Emílio Ribas e pedem esclarecimentos sobre o futuro do Hospital. | Foto: Agência de Notícias da Aids

Agência de Notícias da Aids
18/06/2024

Médicos, funcionários e residentes do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na Zona Oeste de São Paulo, se reuniram na manhã desta terça-feira (18), na sede do próprio Instituto, para debater a proposta de um novo modelo de gestão para o Hospital.

De acordo a Associação dos Médicos do Instituto Emílio Ribas, a Coordenadoria dos Serviços de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo será extinta, e o Governo Estadual está considerando passar e a gestão do Emílio para o Hospital das Clínicas. A notícia tem preocupado profundamente a equipe médica, que considera o vai e vem de informações cheio de incertezas e lacunas.

Médicos, funcionários e residentes do Emílio Ribas se reuniram na sede do próprio Instituto, para debater a proposta de um novo modelo de gestão para o Hospital
Médicos, funcionários e residentes do Emílio Ribas se reuniram na sede do próprio Instituto, para debater a proposta de um novo modelo de gestão para o Hospital | Foto: Agência de Notícias da Aids

“Eu acho que a maior importância é a união do Emilio Ribas, a união dos funcionários com a sociedade civil para poder discutir o futuro desse hospital. O Emílio Ribas vem sendo depauperado há anos, dilapidado, a gente está perdendo funcionários, perdendo estrutura e o que não podemos ficar é a mercê de fake news que são jogadas”, destacou o diretor clínico do Hospital, Wladimir Queiroz, justificando a importância da Assembleia.

“Existe a possibilidade de permanecermos como administração direta? Começamos a discussão com um passo atrás já… A luta pelo chamamento dos concursos é a melhor saída antes de qualquer outra discussão que envolva apoio fundacional… O negócio é a gente discutir o futuro concretamente”, disse o médico Gustavo Schneider.

Durante uma reunião com a Associação dos Médicos do Emílio Ribas, Eduardo Barbosa, vice-presidente do Grupo Pela Vida São Paulo e coordenador do Movimento Paulistano de Luta Contra a AIDS, expressou sua preocupação com a possível privatização do hospital Emílio Ribas.
Eduardo Barbosa, vice-presidente do Grupo Pela Vida São Paulo e coordenador do Movimento Paulistano de Luta Contra a AIDS, expressou sua preocupação com a possível privatização do hospital Emílio Ribas. | Foto: Agência de Notícias da Aids

Representando o Movimento Social de Luta Contra a Aids, Eduardo Barbosa afirmou que está bastante preocupado com o futuro da Instituição. “A gente considera o Emílio Ribas um serviço de saúde histórico, não só no enfrentamento da epidemia de aids, mas de todas as epidemias que tivemos na história. Os trabalhadores e trabalhadoras daqui deram o sangue para ter uma resposta rápida a Covid-19. Eu vivo com HIV há 30 anos e sempre briguei para que o Conselho gestor dessa unidade pudesse ser atuante, que a gente pudesse participar. O interesse das pessoas que vivem com HIV e aids, o interesse das organizações não governamentais é continuar tendo um hospital de portas abertas. Um hospital que é inteiramente SUS. Nós não gostamos dessa privatização via Organizações Sociais. Enquanto movimento social, queremos respostas, precisamos saber o que está acontecendo.”

Sobre a reunião que aconteceu na Secretaria de Saúde na segunda-feira (17), dr. Wladimir destacou que não há nenhuma decisão tomada. “Ontem, na reunião, o dr. Esper [Esper Kallás, infectologista e diretor do Instituto Butantã] falou que a fusão era uma proposta dele, que ele acredita muito e falou várias vezes que não é um projeto pessoal, é um projeto que ele acredita que vai ser muito bom. O secretário disse: entendam-se, quando vocês tiverem um projeto pronto, tragam para mim que eu vou avaliar. Então, jamais foi projeto de Secretaria ou do Secretário.”

Também presente na Assembleia, o diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, dr. Luiz Carlos Pereira Júnior, esclareceu aos médicos que já foi pensado também em levar o Emílio para a Secretaria de Vigilância. “Podemos discutir quais as vantagens de estarmos próximos da vigilância. Eu vejo este momento como uma oportunidade de crescimento. Momento esse que precisava acontecer de fato, que é trazer a comunidade do hospital para discutir o seu próprio destino, então está tudo se cumprindo. Eu acho que a gente está no caminho certo, porque isso nos alavanca, inclusive, para a dedicação dos profissionais, para a gente ir adiante nos desafios que a gente se impõe.”

A médica do Serviço de Endoscopia do Hospital Emílio Ribas, Fabiana Gabas Kallás esclareceu na reunião que “existe um hospital do passado, existe um hospital do presente e existe o que a gente vai plantar para o futuro. No presente, os nossos indicadores são muito ruins, hoje o paciente do hospital Emilio Ribas custa por dia para o Estado mais de R$ 5.500. Esse é o pior indicador do Estado. O secretário vai respeitar o que foi decidido, e o Esper obviamente vai respeitar. A função dele é tentar ajudar nessa intermediação, mas o Esper, o Luiz e o secretário, eles não têm poder absoluto de decisão. Quem decide é o governador. E hoje o governador decide em cima de números.”

A Assembleia chegou ao fim com um abraço simbólico ao prédio do Instituto.

Médicos e funcionários abraçam Emílio Ribas e pedem esclarecimentos sobre o futuro do Hospital
Médicos e funcionários abraçam Emílio Ribas e pedem esclarecimentos sobre o futuro do Hospital | Foto: Agência de Notícias da Aids

Emílio Ribas

O hospital Emílio Ribas foi fundado em 1880, quando o país vivia a epidemia da varíola. Na época, ficou conhecido como hospital de isolamento. Na década de 1970, o desafio foi combater um surto de meningite que levou o hospital à capacidade máxima de atendimento.

Nos anos de 1980, o hospital atendeu os cinco primeiros casos de aids do país. Em 2009, foi a vez da epidemia de H1N1. Em 2014, os profissionais se preparam para receber possíveis casos de ebola por causa da epidemia na África. Há pouco tempo, houve a epidemia de febre amarela e a pandemia de Covid-19.

Instituto de Infectologia Emílio Ribas
Instituto de Infectologia Emílio Ribas | Foto: Agência de Notícias da Aids

Redação da Agência de Notícias da Aids
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