Agência Aids
08/12/2024
Na última sexta-feira (6), o edifício Oswald de Andrade, no centro de São Paulo foi palco da primeira edição do Conexões, um evento parte do Programa CULTSP PRO, que reuniu ONGs e coletivos que atuam no enfrentamento ao HIV/aids na capital paulista. Com exposições de projetos, apresentações musicais e performances artísticas, a iniciativa buscou unir forças e ampliar a visibilidade das ações realizadas por essas organizações.
Inspirado no conceito da Global Village, espaço destinado à sociedade civil nas Conferências Internacionais de Aids, o encontro promoveu um ambiente de troca e aprendizado mútuo. “O objetivo é estabelecer parcerias e fortalecer vínculos entre as organizações para uma melhor resposta coletiva ao enfrentamento do vírus na cidade”, explicou Cristina Abbate, coordenadora da Coordenadoria de IST/Aids de São Paulo.
Cristina destacou que o evento foi estruturado para mostrar como a ciência pode ser traduzida em ações comunitárias eficazes. “Estamos mapeando lideranças locais e coletivos que, muitas vezes, utilizam a arte e a cultura para dialogar com populações jovens, trans, travestis, negras e periféricas. Esses grupos têm um papel fundamental no enfrentamento do HIV”, afirmou.
Para a gestora, o momento também é de celebração. “Essa integração é essencial para ampliar a nossa resposta ao HIV. Precisamos de muitos braços para alcançar toda a cidade, e esse evento mostra como podemos fazer isso de forma criativa e unificada”, completou.
No Conexões, iniciativas comunitárias mostraram como ações de prevenção podem ser acessíveis, criativas e impactantes. O evento, realizado no edifício Oswald de Andrade, reuniu mais de 20 grupos que compartilham esforços para difundir informações e serviços especializados na capital paulista.
Entre os destaques, o empreendedor social Américo Nunes, presidente do Instituto Vidda Nova, apresentou o Projeto Prevenção nas Feiras Livres, que leva informações e kits de prevenção para feirantes. “Essa abordagem acessível tem alcançado pessoas que, muitas vezes, não conseguem ir ao serviço de saúde”, explicou Américo.
Ariana Wruck, agente de prevenção do projeto, destacou a receptividade do público nas feiras. “Muitos têm dúvidas, principalmente sobre sífilis. Nosso trabalho é esclarecer essas questões e incentivar os cuidados com a saúde”, disse. Vestidos como frutas e ao som de A Feira, do Rappa, Ariana e outros integrantes do Vidda Nova subiram ao palco para uma performance lúdica. O objetivo? Demonstrar como elementos criativos podem atrair a atenção de pessoas que, embora sexualmente ativas, não frequentam serviços de saúde regularmente.
Outro relato emocionante veio de Paula Moreira, do Projeto Mulheres da Luz, que atende mulheres em situação de prostituição no Parque da Luz. “Oferecemos assistência básica, distribuição de kits de higiene e cestas básicas, além de ações educativas. Esse trabalho começou com a Cleone, uma ex-profissional do sexo, e hoje beneficia cerca de 700 mulheres por semana”, contou Paula.
Lídia Maria de Lima, do Projeto Prevenção na Ocupação, da ONG Koinonia, destacou a importância de levar educação sexual para ocupações no centro de São Paulo. “Oferecemos oficinas sobre ISTs e usamos ferramentas como o Prevenidas Game, um jogo interativo que ensina prevenção de forma leve e criativa.”
O evento também foi marcado por performances artísticas que misturaram cultura pop e mensagens de prevenção. A artista e performer Donatella, do Grupo Pela Vidda São Paulo, homenageou Rita Lee em uma apresentação vibrante. Já o coletivo Casa de Mandacaru trouxe o universo do ballroom ao palco, arrancando aplausos com um show que celebrou diversidade e inclusão.
Além das apresentações, o Conexões teve como objetivo principal fortalecer as redes de atuação e integração entre os grupos apoiados pelos editais públicos de saúde da cidade. Trabalhos incríveis e apresentações de tirar o fôlego marcaram essa experiência única, que promove informação e celebra avanços na luta contra o HIV/aids.
Com arte, cultura e muita troca de conhecimento, o Conexões se consolida como um espaço essencial para unir esforços no enfrentamento ao HIV/aids, mostrando que a prevenção também pode ser inovadora e inspiradora.
“A resposta ao HIV depende de ações integradas e do reconhecimento das realidades locais. Esse tipo de encontro nos dá esperança e energia para continuar”, concluiu Cristina Abbate.
Redação da Agência de Notícias da Aids:
https://agenciaaids.com.br/noticia/conexoes-evento-reune-coletivos-e-ongs-de-sao-paulo-para-mostrar-como-a-ciencia-se-transforma-em-acao-comunitaria